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UFG - Primeira aluna surda defende mestrado.

Compartilhe essa notícia! | Data : domingo, fevereiro 21, 2016 | Series :
Renata Garcia, 40, teve ajuda de intérpretes para apresentação, em Goiás. Ela foi aprovada com pesquisa sobre qualidade de vida de pessoas surdas.

A professora de Língua Brasileira de Sinais (Libras) Renata Rodrigues de Oliveira Garcia, de 40 anos, é a primeira surda a defender uma dissertação de mestrado na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela foi avaliada por uma banca, na manhã desta quinta-feira (18), em Goiânia, quando apresentou, com ajuda de intérpretes, sua pesquisa sobre a qualidade de vida das pessoas com deficiência auditiva no ambiente familiar.

Renata, que foi a primeira aluna surda do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde, da Faculdade de Medicina da UFG, se emocionou ao saber que foi aprovada.

“Estou muito feliz por ter chegado até aqui, apesar das dificuldades. Escolhi falar sobre esse tema, pois fui criada em uma família de ouvintes e sei como é complicado para que os surdos se comuniquem e tenham uma vida como todos os outros. Faltavam estudos sobre essa questão no Brasil”, disse ao G1, por meio de uma intérprete.

Na pesquisa, ela descobriu, por meio de questionários aplicados a surdos e aos seus familiares ouvintes, quais as principais barreiras entre as relações. 
“Descobri que a surdez não é o problema, pois os surdos se comunicam muito bem em Libras ou leitura de lábios, pois eles têm o visual. A dificuldade maior é que eles se façam entendidos pelos ouvintes. Essa questão é muito importante para a qualidade de vida”, explicou a professora durante a apresentação.

Após defender sua dissertação, ela acompanhou atenta as considerações dos componentes da banca e foi muito elogiada pelo esforço e dedicação em se adaptar em um ambiente que, até então, não tinha sido explorado por um surdo na universidade.

Orientador da pesquisa, o fundador do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde, professor doutor Celmo Celeno Porto, destacou que a dissertação “é um marco para a instituição e para a comunidade surda”.

“Ser orientador dessa pesquisa foi algo muito gratificante para mim, pois eu não sabia como seria possível a nossa comunicação, foi um desafio. Mas a Renata foi uma aluna muito dedicada, esforçada, fez acontecer, e eu aprendi muito com ela. Ter a primeira surda defendendo a sua tese de mestrado mostra que novas maneiras de inclusão devem ser pensadas e praticadas na educação”, disse Porto.


 Fonte: G1



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