Língua de Sinais
É a língua natural da comunidade surda, com estrutura e gramática próprias, utilizada para a comunicação. Como outras línguas, possui o alfabeto manual, que é utilizado para digitar nomes quando não há um sinal próprio, e também para configurar a mão na realização de um sinal.
Para as línguas orais existe o estudo fonológico (articulação dos fonemas); para as línguas de sinais, existe a Querologia (configuração, movimento das mãos e pulsos, localizados em determinada parte do corpo e o sentido das palmas das mãos).
É através da Língua de Sinais que a comunicação das pessoas surdas acontece com mais rapidez e eficiência entre as pessoas que dela fazem uso.
A LIBRAS é independente da Língua Portuguesa. Quanto mais cedo uma pessoa surda aprender a Língua de Sinais, mais facilmente ela terá conhecimento do mundo e mais rápido será a sua aprendizagem. A aprendizagem da Língua de Sinais por uma pessoa surda acontece naturalmente, assim como quem ouve aprende a língua oral de seu país. Então, se uma criança que nasceu surda não fizer parte de uma família também de surdos é importante que ela seja levada a uma comunidade de surdos, associação de surdos, e/ou uma escola bilíngüe (escola onde os alunos estão em contato com a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa).
Parâmetros da LIBRAS
A
estrutura da LIBRAS é constituída a partir de parâmetros que se
combinam, principalmente com base na simultaneidade. Esses parâmetros
são, conforme Brito (1995):
• Configuração das mãos (CM): são
as diversas formas que uma ou as duas mãos tomam na realização do
sinal. Comparando-se as configurações utilizadas em LIBRAS e em ASL
(American Sign Language), percebe-se que há um grande número de
similaridades e algumas diferenças. Por essa divergência entre as duas
línguas pode-se notar que cada língua possui seu sistema de
configurações e que estas não se restringem apenas às nomeadas no
alfabeto manual (cf. anexo 4);
• Movimento (M):
é um parâmetro tão complexo que pode envolver uma grande quantidade de
formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos
do pulso, movimentos direcionais no espaço e até conjuntos de
movimentos no mesmo sinal;
• Ponto de Articulação (PA):
é o espaço em frente ao corpo ou uma região do próprio corpo, onde os
sinais são articulados. Os sinais articulados no espaço são de dois
tipos: os que se articulam no espaço neutro diante do corpo e os que se
aproximam de uma determinada região do corpo, como, por exemplo, a
cabeça, a cintura e os ombros.
E segundo Quadros (2004) ainda temos:
Orientação da Mão (OR): a
orientação da palma da mão não foi considerada como um parâmetro
distinto no trabalho inicial de Stokoe. Por definição, orientação é a
direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal. Ferreira
Brito (1995, p. 41), na língua de sinais brasileira, e Marentette
(1995, p. 204), na ASL, enumeram seis tipos de orientações da palma da
mão na língua de sinais brasileira: para cima, para baixo, para o corpo,
para a frente, para a direita ou para a esquerda.
Expressões não-manuais (ENM): as
expressões não-manuais (movimentos da face, dos olhos, da cabeça ou do
trono) prestam-se a dois papéis nas línguas de sinais: marcação de
construções sintáticas e diferenciação de itens lexicais.
A Surdez ao longo da história
Imagina-se
que existem surdos desde o começo da humanidade, e com eles surgiu a
língua dos sinais, que nasceu da necessidade de comunicação dessas
pessoas. O tratamento oferecido a pessoas surdas esteve diretamente
relacionado aos fatos que marcaram a história da humanidade, bem como os
valores e crenças mantidos pela comunidade. Através dos estudos destes
fatos, pode-se perceber que a pessoa surda nem sempre foi respeitada
por sua diferença, vista como uma “anormalidade” dentro de uma
sociedade majoritariamente ouvinte.
Na Antiguidade, os
deficientes eram considerados inválidos e eram sacrificados. Aristóteles
acreditava que o pensamento era desenvolvido através da linguagem, e a
linguagem com a fala. Assim o surdo não pensava e conseqüentemente não
poderia ser considerado gente, humano.
Na Idade Média, como a
sociedade era muito voltada à Igreja e às idéias religiosas, as pessoas
começaram a ver o deficiente como alguém que merecia compaixão,
deixando-os viver; porém os surdos eram colocados em instituições para
serem afastados da sociedade. Apenas no século XVI é que os ouvintes
começaram a se interessar pela educação dos surdos. No período do
Humanismo Renascentista, novas descobertas eram alcançadas através do
estudo do corpo, dando início às pesquisas sobre o desenvolvimento da
audição.
Padre Pedro Ponce de León inicia, mundialmente, a história dos Surdos, tal como a conhecemos hoje em dia. Para além de fundar uma escola para Surdos, em Madrid,
ele dedicou grande parte da sua vida a ensinar os filhos Surdos, de
pessoas nobres, nobres esses que de bom grado lhe encarregavam os
filhos, para que pudessem ter privilégios perante a lei (assim, a
preocupação geral em educar os Surdos, na época, era tão somente
económica). León desenvolveu um alfabeto manual, que ajudava os Surdos a soletrar as palavras.
Em
1780, surgiu na França o Método Gestual, do Abade L’Epeé que misturava
o francês escrito com a língua de sinais, ou seja, era o francês
sinalizado. O método do Abade fez muito sucesso, então o governo da
França resolveu apoiar o Abade criando o Instituto de Surdos-Mudos de
Paris, a primeira escola pública para surdos no mundo.
Em 1857, o
professor francês Hernest Huet veio ao Brasil, a convite de D. Pedro
II, para fundar a primeira escola para surdos: o Imperial Instituto de
Surdos-Mudos, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, no
Rio de Janeiro.
Em 1880, porém, no Congresso Mundial de
Professores de Surdos (Milão), chegou-se a conclusão de que todos os
surdos deveriam ser ensinados através do Método Oral Puro. As línguas
de sinais foram proibidas nas escolas e os professores surdos
afastados. Nesse mesmo ano nasce Hellen Keller, na Alemanha. Hellen ficou cega e surda aos 19 meses de idade, por causa de uma doença, e hoje é reconhecida mundialmente pelo seu legado.
Apenas
em 1951 os surdos conseguiram, após muita luta, conquistar um
importante avanço político, criando uma Federação Mundial – World
Federation of the Deaf (W.F.D.).
Sinal:
Na
comunidade surda cada pessoa possui o seu sinal. O sinal pessoal é o
nome próprio, o “nome de batismo” de uma pessoa que é membro de uma
comunidade Surda. Este sinal geralmente pode representar uma
característica da pessoa, representar a sua profissão, a primeira letra
do seu nome, etc.
O Intérprete de LIBRAS
O
intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), bem como qualquer
outro intérprete, precisa ter o domínio dos sinais e principalmente da
língua falada do seu país, no nosso caso, o Português.
A nossa
sociedade é feita de ouvintes e para ouvintes, na qual os surdos são
minoria, por isso, o intérprete é uma peça fundamental para união dos
dois mundos envolvidos: surdo e ouvinte. Temos visto que na maioria das
vezes a comunidade surda não tem o direito de exercer a sua cidadania,
sem participar das atividades sociais, educacionais, culturais e
políticas do país devido à ausência do intérprete.
O intérprete
atua nas diversas situações em que a interação entre surdos e ouvintes,
que não sinalizam, seja exigida, sendo mediador entre as comunidades
surdas e ouvinte. As áreas de atuação do intérprete de Libras são, em
sua maior parte, em eventos (palestras em congressos, seminários,
fóruns, encontros), instituições de ensino, área médica e judiciária.
Infelizmente,
temos visto grandes erros no meio desses profissionais, principalmente
por não conhecerem o vocabulário de sua própria língua materna, a
língua portuguesa, acabam fazendo um Português Sinalizado sem respeitar
as estruturas de cada uma.
Tem-se falado bastante nos tempos
atuais sobre a inclusão, mas o que vemos, na realidade, é uma grande
exclusão, pois muitas das instituições ainda negam o acesso do cidadão
surdo ao conhecimento, ou seja, negam a contratação do intérprete.
Escolas, faculdades, empresas, serviços públicos necessitam urgente da
presença desse intérprete.
Alguns itens são muito importantes
para a atuação de um intérprete, como por exemplo, ter uma formação
específica, ética profissional, fidelidade à interpretação,
imparcialidade e discrição em todos os sentidos.
A ação desse
profissional é uma ferramenta riquíssima na integração e valorização
dessas pessoas surdas, por isso, o maior aprendizado não vem apenas de
um curso de LIBRAS, mas principalmente, do contato diário com a
comunidade surda, conhecendo toda uma cultura que envolve o ser surdo.
A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
De
modalidade gestual-espacial, a Língua Brasileira de Sinais teve sua
origem através do Alfabeto Manual Francês que chegou ao Brasil em 1856.
Um surdo daquele país veio a passeio ao Brasil e, ao chegar no Rio de
Janeiro, encontrou-se com surdos cariocas perdidos e mendigando nas
praias daquela cidade. Preocupado com os níveis de compreensão, de
educação e de comunicação dessas pessoas surdas que, por isso mesmo
viviam isoladas, o surdo francês dedicou-se voluntariamente ao ensino
desta língua. Os surdos brasileiros rapidamente aprenderam e divulgaram
por todo o país.
Como
língua, a LIBRAS é composta de todos os componentes pertinentes às
línguas orais, como semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos,
preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerada
instrumento linguístico de poder e força. Embora possua todos os
elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demande
prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua, a LIBRAS se
distingue do Português, como língua oral. A distinção, no entanto, é uma
só, conforme constata Brito (1995, p.36) ao afirmar que:
A
diferença básica entre as duas modalidades de língua não está, porém,
no uso do aparelho fonador ou no uso das mãos no espaço, e sim em
certas características da organização fonológica das duas modalidades: a
linearidade, mais explorada nas línguas orais, e a simultaneidade, que
é a característica básica das línguas de sinais.
Brito
(op.cit) ainda afirma que todos os sinais que se incorporam ao léxico
utilizam os parâmetros considerados gramaticais e aceitos dentro dessa
língua. Isso constitui um dos aspectos que confirmam que a LIBRAS é um
sistema linguístico que constrói a partir de regras, distanciando-a dos
gestos naturais e das mímicas que não possuam restrições para a
articulação. Mesmo os sinais com interferência da língua oral, a serem
incorporados à língua de sinais,obedecem às regras e restrições de sua
estrutura.
1 comentários:
Tulis comentáriosOlá sou surda ,muito obrigada!
Reply