O número de alunos com deficiência incluídos em turmas regulares não
para de crescer. Em 2009, mais de 386 mil crianças e jovens com
deficiências, Transtorno Global do Desenvolvimento e altas habilidades
foram matriculados nas escolas brasileiras. Os dados indicam que o
pensamento dos gestores caminha a favor da diversidade, mas incluir de
verdade implica mudar princípios, formar equipes e adaptar estruturas no
ambiente escolar, garantindo a aprendizagem de todos - o que, na
prática, pode tornar-se um grande dilema. Por isso, a professora Rossana Ramos,
autora do livro "Inclusão na prática: Estratégias eficazes para a
Educação Inclusiva" (Ed. Summus, 128 págs.) participa de um fórum
permanente sobre o tema.
Aproveite este espaço para trocar ideias e tire suas dúvidas sobre inclusão.
Participe de fórum também acesse: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/tire-suas-duvidas-inclusao-pessoas-deficiencia-escola-565981.shtml?comments=yes#mostrar
Aproveite este espaço para trocar ideias e tire suas dúvidas sobre inclusão.
simone scavassa
Olá. Estou efetuando o meu TCC, cujo tema é sobre a aprendizagem de
LIBRAS em escolas regulares, por todos alunos a partir do ensino
fundamental II, a fim de que a inclusão realmente se efetivasse. Sendo
assim, gostaria de saber sua opinião sobre este tópico. Grata SimoneComentário do Autor - Simone, na minha opinião, a Libras é mais uma ferramenta para a comunicação do surdo e não apenas a única. Se pensarmos que mesmo a língua falada não se resume aos sons e que existem aspectos pragmáticos - gestos, expressões faciais - que complementam a comunicação, no caso da Libras, também há outras formas de expressão que devem ser levadas em conta na educação dos deficientes auditivos. Muitos fazem leitura labial além da comunicação gestual (Libras), o que amplia bastante a compreensão da linguagem a sua volta. Quanto aos aspectos práticos, ou seja, ao conhecimento de Libras pelo professor, penso que esse deva ser um investimento na sua formação. Estados e prefeituras devem começar a oferecer esse conhecimento a todos os professores e não apenas a alguns que, no caso, seriam apenas intérpretes. Abraços, Rossana
regina f fernandes
Boa tarde. Sra Rossana, gostaria de saber se por acaso, alguma vez
pensaram em respeitar o que diz a declaração de Salamanca: "nada sobre
nós, sem nós.", traduzindo já se deram ao trabalho de perguntar às
pessoas com deficiência o que elas querem? Porque o que vejo são
ouvintes discutindo sobre educação de surdos. Em qualquer lugar onde os
surdos estão o lema é o mesmo: "Inclusão social, sim! Na educação não."
Veja que estou falando de Surdos, pessoas que convivem na comunidade
Surda, que utilizam o idioma Surdo, ou seja, a LIBRAS, que se
identificam através da cultura Surda. Não estou falando do D.A. Mesmo
porquê se continuarmos nesse ritmo voltaremos a obrigação do oralismo
imposto no Congresso de Milão, quem sabe voltaremos a idade média, onde
Surdo era considerado sem alma... há que se refletir, pois o que vejo,
respeito e apoio são Surdos tendo aula com professores mestres e
doutores Surdos, que discutem e promovem sua identidade, sua cultura,
seu idioma. E sim, ouvintes que participam, e se comunicam livremente
com eles de forma expontânea e não imposta por uma suposta inclusão.
Acredito que só quem é Surdo pode saber o que é melhor ou pior para o
Surdo, não é mesmo?!
Infelizmente o papel aceita tudo, e como professores somos induzidos e
cobrados por teorias que sequer têm resultados comprovados. Façamos como
os próprios Surdos preferem... RESPEITO! por favor. (pronto,
desabafei!)Comentário do Autor - Regina, acho que você tem razão. Não devemos impor aos surdos qualquer tipo de modo de vida. Nem de um lado, nem de outro. O radicalismo é sempre a pior forma de se conviver. Penso que a pessoa surda deve escolher viver na "comunidade surda" ou não. Isso é liberdade e inclusão. Até porque quem não é surdo, como nós, não tem a dimensão dessa limitação. O importante agora é que a sociedade está finalmente se preocupando com as pessoas com deficiência e discutindo sua inserção, seja do modo que for. Abraços, Rossana
Leila Marcia Camargos Louza Mendes
Tenho uma séria dúvida, existe no Brasil escolas particulares que
ministram aulas para crianças surdas? Ou somente em lugares
especializados como o INES na Rio de Janeiro? Gostaria muito de saber
pois nas escolas em que fiz estágio encontrei vários tipos de especiais
menos surdos.
Grata,
Leila Márcia
Brasília DFComentário do Autor - Leila, desconheço que haja escolas particulares especais para surdos em nosso país. Ainda bem, né? As pessoas surdas precisam estar em escolas regulares com ouvintes para que desenvolvam uma interação mais ampla com o mundo que a cerca. E toda escola, seja pública ou privada, deve receber essas crianças e incluí-las, ok? Bjs, Rossana
EDNEIA MOSCARDINI DE SOUZA
ola Rossana!
Depois q enviei uma questao, iniciei ler alguns comentarios. E eu fiquei
mais triste do que já estava sobre a inclusao de alunos surdos nas
escolas regulares. Nao tenho formação na área Educacional, sempre
trabalhei na area administrativa. Há 3 anos iniciei estudar Libras, e
desde entao me apaixonei. Estou fazendo pos em Educação Inclusiva, e
observei q uma das pessoas q tb fez comentario aqui, falou sobre q no
curso se fala sobre as deficiencias, mas nao nos auxilia a lidar com
ela. Tem ainda os q conhecem um pouco da Libras e tentam educar um aluno
surdo. A Libras por ser um lingua nova, e nao ter muito material
especifico tanto para estudo como para ensino, tem dificultado muito a
obtenção do certificado do Prolibras pelas pessoas. Um outro comentario
feito, fala sobre os interpretes nas escolas, sobre o nao conhecimento
deles sobre os temas q irao ser apresentados, e tem ainda como sempre
escuto de colegas q traduzem para alunos surdos, a nao aceitação total
de mts professores da sala de um auxiliar para a comunicação com o
surdo. Os interpretes reclamam q o professor pensa ser ele um cara q
mexe as maos. OS surdos pensam q o tradutor é empregado dele....rs, e
por ai vai. Como tudo isso é novo, é impactante, as leis estao no papel,
lindas e maravilhosas, mas faze-las ser cumpridas é um esforço conjto
de nós como sociedade. Diante de tantas coisas q nos parecem tao
dificeis, acredito q a Comunicação Total, seja a chave para conseguirmos
transitar no mundo alheio sem interferir.
como interprete assino em baixo sobre a reclamação do professor sobre o
interprete nao saber o tema q vai ser exposto. Como ainda somos em
poucas profissionais no Brasil, ainda estamos nos adaptando a tantas
coisas que sao cobradas em nossas profissoes. eu me especializei em
eventos empresariais e religiosos, com minha formação academica na area
administrativa e informática e minha grande vivencia na área, seria
interessante eu poder aux. um aluno surdo em algumas dessas materias. Os
alunos ouvintes que tenho, quando iniciam estudar Libras comigo,
escolhem sua area de atuação e buscam o melhor disto. Discorreria
paginas e paginas sobre o tema. MAs o mais importante de tudo isso, é
sermos abertos a mudanças e uma de nossas grande qualidades como
humanos, a nossa grande capacidade de adaptação no meio q vivemos. Se
nao conseguimos mudar o mundo, tentamos mudar o mundo de alguem. Fazer a
inclusao de solidariedade e amor em nossos mais basicos gestos, é o
primeiro passo. Os caminhos vao se abrindo e tds nós vamos aprendendo
com os erros e conquistas, alheias e pessoais!!
Rossana, um gde abraço!!Comentário do Autor - Edneia, quanto ao seu questionamento sobre os intérpretes, sinto-me à vontade para comentar porque tenho formação e pesquisa acadêmica na área de Linguística. O conhecimento não é propriedade de uma só pessoa. Cada vez que ele é transmitido por meio da linguagem, mesmo que se tente ser exato, algo sempre muda. Quando lemos um livro traduzido, sabemos que ali foi feita uma adaptação de uma cultura para outra, de um modo de dizer para outro. Isso é natural em várias situações de nossa vida, até quando relatamos um fato, podemos utilizar modos diferentes de fazê-lo. O importante é que haja interação, dúvidas, questionamentos entre o professor, o intérprete e alunos surdos ou ouvintes. Aconselho que siga com seu trabalho, seus estudos, mas que não deixe de pensar que há outras formas de se ver, ouvir e sentir o mundo. Nesse caso, aqueles que discordam do que fazemos ou dizemos estão contribuindo para que repensemos nossas teorias e práticas, ou seja, para que não achemos que o caminho em que estamos é sempre o mais certo, o melhor. Em ciência é necessário estarmos atentos a tudo, o tempo todo. Abraços e bom trabalho!
EDNEIA MOSCARDINI DE SOUZA
ola!
Sou interprete de Libras, e meu trabalho nessa área ainda esta resumido
em trabalhos voluntarios de traduções em diversos eventos sociais e
religiosos. Iniciei um trabalho voluntario de educação em Libras e
Portugues para uma surda de uma cidade proxima a minha, q tem 23 anos e
nao sabe nada do Portugues e tem um vocabulario muito restrito em
Libras. Utilizando de informações obtidas em entidades especiais e em
sites maravilhosos como este, montei um plano de aula para auxiliá-la.
Ela mora em lugar de dificil acesso e carente. Fazendo diversas
pesquisas acabei conhecendo o SignWriting, a escrita de sinais. Hj pelo q
vejo nos sites que tratam surdez e inclusao, esta sendo usado e
ensinado em algumas universidades, inclusive Unicamp e UFSC. Você
conhece esse recurso da Libras? Sabe me dizer se conseguiram avanços
significativos no ensino dele a alunos surdos? Conhece algum professor q
o utiliza com bom retorno de aprendizado do aluno? No aguardo. E desde
j´´a muito obrigada por nos auxiliar nesse tao arduo mas prazeroso
trabalho!!
EdneiaComentário do Autor - Edneia, a impressão que tenho é que muitas vezes se fala em Libras como se fosse a única forma de comunicação para os surdos e por isso a colocam no centro das discussões. Sabemos que esse é apenas mais um recurso e não o único. Os surdos podem fazer leitura labial, ser oralizados ou escolher outras formas de compreender o mundo. O ideal seria que de fato cada um deles pudesse escolher, o que às vezes não ocorre porque são colocados em escolas especiais em que somente uma forma de comunicação é utilizada, no caso, a Libras. Abraços, Rossana
Dayanne Lima Fernandes
Olá Rossana, meu nome é Dayanne e estou cursando Pedagogia, mas não
tem nenhuma experência na área. Recentemente passei por uma situação em
uma viagem que acabou despertando grande interesse pelo tema inclusão.
Conheci uma garota surda, foi muito difícil nosso diálogo porque ainda
não conheço a linguagem deles-Libras- e isso me frustou muito. Apesar
dela está numa escola regular e ter 12 anos ela não sabia ler e nem
escrever.
Desde então, estou pensando seriamente em fazer minha monografia baseado
na inclusão e gostaria de fazê-lo também baseado em pesquisas de campo,
com a finalidadde de ao término do meu curso ingressar na educação com
uma experiência ou várias experiências de fato.
Mas, sinceramente não sei por onde começar, ano que vem inicio os
estágios de observação, existe uma possibilidade de fazê-los em escolas
específicas para portadores de NEE ? e se houver é viável? ou seria
melhor iniciar em escolas regulares? Gostaria de sua opnião.Comentário do Autor - Dayanne, primeiramente com relação à criança que você encontrou, penso que para analisar melhor o caso, deveríamos ter mais dados sobre a história dela. Com que idade entrou na escola (?), como está sendo feito o trabalho da escola em que está matriculada (?), entre outras questões que precisamos saber. Por outro lado, posso adiantar que ainda há muito o que se aprender e ensinar sobre a inclusão, sobretudo em relação às pessoas surdas e que muitas vezes os professores ainda não têm as informações necessárias para desenvolver um trabalho efetivo. Quanto à monografia que quer desenvolver, recomendo que faça a priori um estudo teórico com base em uma boa bibliografia que inclua livros, artigos, documentários etc. para poder então escolher o corpus da pesquisa. Quem sabe essa sua experiência com a menina que encontrou não lhe incentiva a trabalhar com o tema LEITURA E ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS SURDAS NA ESCOLA REGULAR? Estou à disposição para o que precisar. Abraços, Rossana
Participe de fórum também acesse: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/tire-suas-duvidas-inclusao-pessoas-deficiencia-escola-565981.shtml?comments=yes#mostrar