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Surdo que descobriu a LIBRAS 'tarde' é símbolo em defesa da educação bilíngue

Compartilhe essa notícia! | Data : terça-feira, junho 07, 2011 | Series :
João Gabriel Duarte, 21 anos, nasceu surdo e educou-se em escola para ouvintes. Não aprendeu libras, a língua brasileira de sinais. No máximo, quando criança, improvisou uma comunicação de sinais para conversar com um amiguinho também surdo. Seu mundo era o dos ouvintes. Foi preparado para utilizar a língua falada, aprendeu a fazer leitura labial e escreve e lê em português.

Mas no início deste ano tudo mudou na vida de João Gabriel. Convidado pelo amigo de infância, que estuda na Universidade Federal de Santa Catarina, ele foi à Florianópolis, aprendeu libras e entrou numa sala de aula com professores e alunos surdos. “Eu descobri minha identidade surda”, brinca João Gabriel, relatando que no mundo dos ouvintes tinha que se esforçar em dobro para entender as aulas, além de sofrer preconceito e bullying. “A minha situação na escola regular era a mesma que colocar uma criança ouvinte numa sala de aula só com surdos. Ela ia ficar perdida, como eu ficava”, completou. Ele caprichou na libras e gravou três videos para a internet, defendendo a escola especial de surdos para surdos. O sucesso lhe valeu um convite da comunidade para participar da audiência pública da Comissão da Pessoa com Deficiência da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), com direito a um depoimento. “Contei que descobri a felicidade frequentando as aulas com professores e alunos surdos”, conta João Gabriel. E já decidiu seu futuro: vai abandonar a graduação em Educação Física, na UFRJ, e fazer a faculdade de letras libras em Santa Catarina.
O depoimento de João Gabriel reforçou a convicção do deputado Márcio Pacheco, presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da Alerj, pela manutenção das escolas especiais para surdos e cegos. “A educação inclusiva, levando os alunos para as escolas regulares, deve ser um processo e não uma imposição do Estado”, afirma o deputado.
Presente à audiência a superintendente do IBDD, Teresa Costa d’Amaral foi mais longe. “A educação inclusiva é um direito de todos. Mas a escolha da escola é um direito da pessoa com deficiência e sua família”, defendeu, apoiando a luta pela manutenção do Ines e do Instituto Benjamin Constant.
O senador Lindbergh Farias e o deputado federal Otávio Leite também se engajaram na luta e prometem, junto com o deputado estadual Márcio Pacheco, se reunir com o ministro da Educação, Fernando Haddad para pedir uma política de estado que garanta as escolas especiais.
Fonte: Informe IBDD – Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência 
 

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