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Qual a diferença entre TRADUTOR e INTÉRPRETE?

Compartilhe essa notícia! | Data : quarta-feira, fevereiro 16, 2011 | Series :
Há uma figura muito importante que faz parte da comunidade surda e que é responsável pela mediação entre surdos e ouvintes: o intérprete. Por dominar a Libras e também o português, esse profissional pode viabilizar a interação entre pessoas que desconhecem essas linguagens.
    
O trabalho do intérprete consiste em transpor textos ou discursos de uma língua para outra, permitindo que pessoas que escrevem e falam em línguas diferentes possam se comunicar entre si.

Assim como esse profissional, há outro sujeito, também envolvido na comunidade surda e com o mesmo domínio linguístico do intérprete, que, porém, desempenha um trabalhado diferenciado — o tradutor.
A principal diferença entre a atuação de um e de outro profissional está no fato de que o tradutor trabalha com textos escritos e o intérprete com discursos orais. Desta feita, pessoas surdas podem atuar como tradutores quando leem textos em português e o traduzem para Libras. Podem também ser intérpretes quando veem a língua sinalizada de um país específico e a transpõem para a língua de sinais de outro país.
Para tanto, os tradutores leem e estudam o texto original, apreendem o seu sentido geral e, em seguida, procedem à sua tradução, procurando respeitar as ideias e o pensamento nele presentes e aplicando a terminologia mais adequada.

Já as pessoas ouvintes que atuam profissionalmente como intérpretes transpõem um discurso oral emitido em uma língua para outra língua e funcionam como elo entre pessoas que se comunicam verbalmente entre si em idiomas diferentes.
Para desempenhar bem esse trabalho, o profissional intérprete pode escolher uma das principais modalidades de interpretação existentes:

1) Interpretação de acompanhamento: exerce essa atividade o profissional que, acompanhando determinada pessoa, traduz, em ambos os sentidos, os diálogos que esta estabelece com interlocutores que se comunicam em uma outra língua, ou seja, quando o surdo fala, o intérprete transpõe a Libras para o português a fim de que o interlocutor entenda o que se disse e, quando o ouvinte fala, o intérprete sinaliza para o surdo.

2) Interpretação judicial: é a interpretação realizada no âmbito de um julgamento.

3) Interpretação de conferência: é a que tem lugar em reuniões multilíngues formais, tais como congressos, seminários, conferências, mesas-redondas, encontros ou jornadas.

Essa última forma de atuação é bastante comum em relação à Libras, pois nessas situações formais normalmente se solicita a presença do profissional intérprete a fim que os participantes surdos possam acompanhar os eventos.

Quando o intérprete está mediando uma relação entre surdos e ouvintes em reuniões multilíngues formais, ele pode optar por desempenhar seu trabalho de forma consecutiva ou simultânea. A interpretação consecutiva é mais adequada às conversações que envolvem um número reduzido de participantes, tais como pequenas reuniões técnicas entre especialistas. Nesses casos, o intérprete encontra-se junto do orador, ouvindo a sua intervenção e fazendo apontamentos; em seguida, interpreta integralmente em uma outra língua o discurso, como se este fosse seu (isto é, na primeira pessoa do singular). Já a interpretação simultânea é mais adequada a encontros que envolvem muitos participantes, garantindo a transposição quase imediata dos discursos orais.
A esse mediador de relações entre surdos e ouvintes são outorgadas, pelo menos, três grandes responsabilidades:  
1 - Conhecimento profundo sobre as línguas em questão, nesse caso, Libras e português
2 - Conhecimento sobre as culturas envolvidas, quer dizer, de surdos e de ouvintes;  
3 - Conhecimento sobre atualidade política, econômica e social.

Além disso, esse profissional precisa ter clareza do que ouve para interpretar adequadamente o sentido, o estilo e o espírito do discurso apresentado. Para isso, precisa ter grande capacidade de concentração e de memória, treino auditivo e rápida compreensão dos discursos orais, de forma a não perder nenhuma informação. Isso é importante porque o intérprete nunca tem a possibilidade de ouvir novamente o que foi dito e, por isso, é essencial que ele também tenha excelente faculdade de análise e de síntese, de forma que, preservando a continuidade e o sentido dos discursos orais, consiga manter o ritmo da intervenção, sem perder informações.

Diante de tantas exigências para atuação, vemos quão árdua é a profissão de intérprete e quão importante esse profissional se torna para que a interação social entre falantes de línguas diferentes seja bem-sucedida.
Os intérpretes de Libras merecem, pois, nosso respeito e nossa consideração pelo grande trabalho desempenhado junto às pessoas surdas.

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3 comentários

Tulis comentários
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Unknown
Admin
24 de novembro de 2015 às 08:46

Bom dia Paulo!!! Este texto é muito bom. Estudo o contexto educacional dos surdos em minha dissertação de mestrado. Preciso evidenciar a diferença entre intérprete, tradutor e interlocutor de Libras. Você pode me ajudar? Preciso da referência bibliográfica.
Obrigado!

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Unknown
Admin
8 de setembro de 2016 às 09:38

Muito bom mesmo, me ajudou bastante!

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Anônimo
Admin
10 de novembro de 2016 às 19:12

vc poderei dar a referencia desse seu artigo. lidyamorim2@gmail.com

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